Em 2020 decidimos fazer um “tour” pelas Aldeias Históricas de Portugal.
Neste artigo vamos falar delas uma a uma e revelar os seus locais mais belos, os seus segredos, mitos e lendas… Venham connosco neste passeio!
TRANCOSO
Começamos curiosamente por uma cidade!
Desde 2004 TRANCOSO foi elevada a essa categoria mas ainda hoje as suas antigas muralhas protegem a antiga aldeia (centro histórico) onde moraram cristãos e judeus. A sua posição geográfica privilegiada, no topo do planalto, entre os rios Douro, Côa e Mondego fez dela um ponto estratégico para a reconquista cristã rumo a Sul.
É também em Trancoso que encontramos referências a Gonçalo Anes Bandarra, um sapateiro, poeta e profeta que por cá viveu e escreveu trovas que o levaram a ser perseguido pela Inquisição sob suspeitas de “Judaísmo”.
A sua estátua em frente ao edifício dos Paços do Concelho, no Largo do Município e a “Casa do Bandarra” permitem-nos conhecer um pouco melhor aquele que é considerado uma espécie de “Nostradamus português”, tendo inspirado autores como Fernando Pessoa que lhe dedica na “Mensagem” o poema “O Encoberto”, inspirado nas “Trovas do Bandarra”. Bandarra foi ainda o responsável por continuarmos à espera que D. Sebastião apareça numa manhã de nevoeiro, uma vez que as suas trovas influenciaram o pensamento sebastianista e messiânico da altura.
Dirigimo-nos, por fim, ao seu principal cartão de visita, o castelo, subindo até ao topo da Torre de Menagem para usufruir das magníficas vistas sobre a zona envolvente.
Junto à Porta da Traição encontra-se uma estátua construída em honra do lendário cavaleiro João Tição.
Resumidamente,
…reza a lenda que Tição era um jovem e valente guerreiro, de ombros largos e peito em arco, um dos soldados que defendiam o castelo de Trancoso quando os mouros lhe puseram cerco. Em dia melancólico, olhando ao longe o acampamento dos mouros que faziam demorado cerco à praça de Trancoso, o guerreiro magicou sobre o meio de sair montado no cavalo e correr de encontro ao inimigo, em desafio à mourama excomungada. Enquanto a maioria dos do castelo permanecia a dormir, numa sinfonia de roncos, assobios e arfares de duvidosa partitura, João Tição resolveu matar o tédio dos dias de clausura forçada. Saiu do castelo pela calada da noite, direitinho ao arraial dos mouros que, a uma légua do castelo, ferravam o galho em sonhos de princesas com trajos sumários em harém recheado. Com uma certa temeridade e outra tanta dose de loucura, conseguiu ludibriar as sentinelas e, penetrando no acampamento inimigo, apoderou-se da bandeira do inimigo… e partiu de regresso ao castelo, levando desfraldada ao vento a sua vitória. Porém, um mouro com insónias deu conta da marosca e alertou os dorminhocos, mau grado ter preparado os ouvidos para ouvir impropérios onde não era mencionado o nome de Alá. Feridos na soberba, os mouros cavalgaram em perseguição do atrevido. Montados em fogosos e descansados puro-sangue de raça árabe, depressa diminuíram a distância que os separava do fugitivo. Este, presumindo as portas abertas, para aí fez seguir o cavalo. Contudo, as sentinelas do castelo, vendo aquele vulto com bandeira moura desfraldada e erguida, não abriram sequer uma nesga da porta. Logo que ciente da situação, o cavaleiro deu uma palmada na garupa do cavalo e gritou: “– Salta, cavalo! Morra o homem, fique a fama! “ – Morreu o homem e ficou a fama… a bandeira foi arremessada pelo herói para dentro das muralhas enquanto era esquartejado pelos mouros. Uma outra versão do sacrifício final do herói, que nem tira nem põe valor ao seu feito, diz que o cavaleiro cristão, capacitado da inutilidade da resistência perante a desproporção numérica, conseguira fugir para Vale de Mouro, onde foi cercado pelos inimigos, trucidado e queimado em azeite a ferver.
Fonte Lenda: https://www.cm-trancoso.pt/concelho/lendas-2/
Foi assim que mergulhados em história e estórias seguimos viagem até à próxima aldeia.Mas não sem antes ir conhecer a origem dum célebre ditado popular… “desta água não beberei” …lendas e ditados… vamos ter muitos para contar !!!!
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MARIALVA
Isolada no topo de uma colina, em MARIALVA respira-se tranquilidade!
Deixamos o carro no Arrabalde, a atual malha urbana predominantemente medieval e por entre ruas estreitas e típicas habitações rurais fomo-nos cruzando com os seus habitantes enquanto explorávamos os seus recantos.
Sentir o “viver” desta aldeia é, sem dúvida a sua maior atração!
A Porta do Anjo da Guarda leva-nos para a Cidadela e entramos num mundo completamente diferente: a vila que existia no interior do castelo está hoje despovoada… A muralha, o castelo, a torre de menagem e a igreja são algumas das construções que permanecem mas a maioria está em ruínas… e se por um lado causa alguma tristeza ver assim o património histórico por outro o efeito cénico e deslumbrante.
E não podíamos abandonar mais esta aldeia sem ir em busca da sua mais intrigante lenda!!!
A lenda de Maria Alva, Pés de Cabra, transmitida de gerações em gerações que nos conta a estória de Maria Alva, uma linda donzela moura
…A beleza do seu rosto não deixava indiferente ninguém que passasse à janela de sua casa. Mas a todos os que lhe propunham casamento, e eram muitos, respondia que se casaria apenas com quem lhe oferecesse uns sapatos feitos à medida. E muitos tentavam, mas nenhum acertava com o tamanho dos pés da jovem. Um dia, um sapateiro, a pedido de um cavaleiro perdido de amores, engendrou um estratagema: convenceu a criada de Maria Alva a espalhar farinha aos pés da cama da dama, de forma a fixar a marca dos seus pés. Assim aconteceu. Para sua surpresa, o sapateiro, ao ver as marcas deixadas na farinha, percebeu que Maria Alva nascera com… pés de cabra. Ainda assim, o nobre cavaleiro, mesmo sabendo o que se passava, ordenou ao sapateiro que fizesse uns sapatos à medida dos pés de cabra da sua amada. Mas quando entregou o presente à sua prometida, Maria Alva, transtornada pela vergonha, atirou-se para a morte da torre do castelo da aldeia. Aldeia essa que, desde então, assumiu o nome da jovem moura: Marialva.
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CASTELO RODRIGO
CASTELO RODRIGO, além de fazer parte das 12 Aldeias Históricas de Portugal é também uma das 7 Maravilhas de Portugal na categoria de Aldeia Autêntica.
Todo o seu conjunto desde o Pelourinho quinhentista, à Igreja Matriz formam um belo postal que culmina no Palácio Cristóvão de Moura um dos seu maiores ex-libris, palco de grandes atos históricos no passado
Por isso, nesta aldeia não é uma lenda que temos para vos contar, mas sim um pouco da nossa história:
Foi durante a dinastia filipina, que subiu ao trono português em virtude da crise sucessória de 1580, desencadeada pela morte do rei Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir que o velho burgo de Castelo Rodrigo salta para a ribalta da nossa história. Cristóvão de Moura, “filho da terra” mandou construir em Castelo Rodrigo o seu palácio e face á sua importância na administração de Portugal durante o domínio filipino a localidade foi elevada a condado, tendo Filipe II atribuído o título de conde ao seu Conselheiro predileto, D. Cristóvão de Moura e posteriormente por Filipe III de Espanha elevada a marquesado passando o seu titular a ostentar o título de 1° Marquês de Castelo Rodrigo. Com a Restauração da Independência portuguesa, o palácio, símbolo da opressão espanhola, foi incendiado pela população, encontrando-se atualmente em ruínas.
Só muito recentemente foi alvo de uma intervenção “consolidação da ruína”, promovida pelo IPPAR com o apoio das Aldeias Históricas de Portugal, constituindo hoje um espaço simbólico onde é possível promover eventos de índole cultural.
Ao antigo pano de muralha que envolvia o castelo foi adicionada a torre do relógio.
Após um passeio entre muralhas fomos conhecer a desabitada Aldeia do Colmeal.
Não sendo uma das aldeias históricas foi colocada no nosso roteiro não por boas razões uma vez que o que por lá se passou foi algo que mancha a justiça portuguesa…
Os factos remontam à década de ’40 quando foi anunciado que, de acordo com uma escritura de 1912, os legítimos proprietários deste terrenos eram os herdeiros dos condes de Belmonte a quem, assim sendo, a população teria que pagar uma renda! A colheita mal dava para comer quanto mais pagar! Assim, sob o pretexto de que os habitantes do Colmeal se recusavam a pagar, Rosa Cunha e Silva a nova herdeira das terras onde se situava a aldeia, moveu um processo judicial contra aquela comunidade. O mandato de despejo foi rapidamente posto em pratica pela Guarda Nacional Republicana dando origem ao princípio do fim da aldeia do Colmeal com a destruição da aldeia, a expulsão dos aldeões das suas casas e terras. Foi na manhã de 8 de Julho de 1957, que a GNR munida de metralhadoras, foi autora de um massacre com algumas dezenas de mortes dos seus habitantes mais resistentes, aldeões, pastores e camponeses desarmados que apenas queriam defender o que era seu! Foram rebentadas portas, casas queimadas e saqueados os poucos haveres desta gente simples que se refugiou na maioria nos montes e aldeias em redor. Foi a primeira vez que tal sucedeu em Portugal, uma população ser expulsa coletivamente de uma localidade inteira.
Restam hoje as casas que se encontram abandonadas, testemunhos de uma das mais discutíveis e injustas decisões judiciais, só possível sob o autoritarismo do regime fascista de então e pela impunidade de uma elite local, que transformou o Colmeal numa aldeia fantasma.
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ALMEIDA
ALMEIDA é uma fortaleza única em Portugal e no mundo… mas “cá em baixo” ninguém diria… é preciso uma vista aérea para descobrir a sua principal atração: a sua forma de estrela aparece desenhada deixando-nos rendidos quer ao seu traçado hexagonal quer à profundidade dos fossos que a rodeiam.
A entrada é feita pelas portas duplas com galerias subterrâneas que serviam de abrigo aos soldados ou que funcionavam como prisões e onde se pode observar a curiosa curva que fazem no seu interior, também servindo de mecanismo de defesa, no caso de entrada de tropas inimigas.
Apesar da vontade de caminhar por cima de toda a cinta muralhada, conhecer todas as portas e desbravar a história local o calor que se fazia sentir “empurrou-nos” para as sombras das estreitas ruelas até à Torre do Relógio.
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Ao lado, um antigo cemitério, prendeu a nossa atenção com uma frase na fachada que nos deixou pensativos:
“Ó tu quem quer que és Repara como eu estou Eu já fui como tu és E tu serás como eu sou”
Outro local que fomos visitar foi a “Casa da Roda dos Expostos”.
Este tipo de “instituições” surgiram em meados do século XIX e eram o local de acolhimento das crianças abandonadas. A casa que ainda permanece intacta e onde se pode observar, o nome “Roda dos Eispostos”, esculpido na pedra, data de 1843. O mecanismo giratório, por detrás da pequena porta, fazia com que ninguém soubesse quem estava do lado de fora, nem do lado de dentro.
Um passeio pelas ruas entre as suas casas pitorescas, muitas delas brasonadas, uma visita ás lojinhas e o comércio tradicional completaram esta visita a mais uma aldeia histórica de Portugal.
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CASTELO MENDO
Passando a porta principal, flanqueada por duas torres, passamos pela igreja matriz e pelo seu enorme Pelourinho, um dos maiores da Beira Interior com cerca de 7 metros de altura e fomos percorrendo esta minúscula e “vazia” aldeia em busca de mais uma lenda… procurávamos o Mendo e a Menda!!!
A imagem do Mendo foi a primeira a aparecer… uma gárgula em pedra que se encontra numa parede da Antiga Domus Municipalis, atualmente um museu. A Menda não poderia andar longe… e numa casa que passaria totalmente despercebida caso não andássemos à procura, uma pedra, mais saliente, revelou-nos a Menda, uma figura de origem celta!
Ninguém sabe ao certo a história destas duas figuras, mas supõe-se que tenha sido uma grande paixão, talvez um amor ao estilo de “Romeu e Julieta”, com dois amantes destinados a contemplarem-se à distância para sempre, nas pedras de Castelo Mendo.
Era hora de subir à cota mais elevada da aldeia e apreciar as deslumbrante vistas que daqui conseguimos alcançar e explorar a Igreja de Santa Maria do Castelo que, apesar do seu estado de ruína, é uma das imagens de marca desta aldeia.
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LINHARES DA BEIRA
Reservamos um final de tarde para visitar Linhares da Beira, localizada no Parque Natural da Serra da Estrela.
Aldeia medieval do século XII chamada de “museu ao ar livre” é o exemplo perfeito do contraste entre as suas pesadas pedras de granito que caracterizam as suas ruas e revestem as suas casas e a leveza dos sons que nos envolvem como o correr da água e o chilrear dos passarinhos!
Nesta aldeia medieval um castelo gótico com duas torres, uma delas com um relógio do século XVII, que ainda dá as badaladas das horas, a igreja matriz cuja torre sineira pintada de branco sobressai no meio do casario, um pelourinho de base octogonal e casas de estilo manuelino formam um conjunto harmonioso.
Mas foi a Rua dos Penedos, onde várias casas foram construídas paredes meias com altos rochedos, que prendeu de imediato a nossa atenção!
Os tons dourados deste final de dia coloriram a paisagem e tornaram mágico o sunset nesta aldeia histórica!
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PIÓDÃO
Após uma viagem pelas apertadas curvas da Serra do Açor chegamos a Piódão, a chamada aldeia presépio, que é simultaneamente uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal e uma das mais conhecidas Aldeias de Xisto.
A Igreja do Piódão, dedicada a N. S. da Conceição, é o principal monumento histórico da aldeia e destaca-se de imediato devido ao contraste das suas paredes brancas com a “cor terra” das casas de xisto que a rodeiam.
Deixamos o largo principal e como a melhor forma de explorar a aldeia é percorrendo as suas ruelas entre as cerca de 100 casas feitas de xisto com telhados de ardósia encravadas nos socalcos da encosta da montanha começamos o nosso passeio… É como entrar num conto de fadas mas onde vive gente real!
E fomos subindo “ao acaso”, indo aqui e ali descobrindo recantos maravilhosos como aquele que recorda Miguel Torga objeto de homenagem numa das casas da aldeia com a citação:
“Recomeça de puderes Sem angústia e sem pressa E os passos que deres Nesse caminho duro do futuro Dá-os em liberdade Enquanto não alcançares não descanses De nenhuma fruta Queiras só metade…”
Já quase no topo da aldeia histórica de Piódão, a Capela de São Pedro exibe as mesmas paredes brancas da Igreja Matriz mas uma dimensão mais reduzida.
Nesta época de verão o calor “aperta” mas como recompensa esperava-nos uma das melhores praias fluviais da região: a Praia Fluvial de Foz d’Égua, localizada a 4 km do Piódão.
Aqui um (muito) refrescante mergulho está garantido e apesar de este só estar ao alcance dos corajosos todos que a visitem são presenteados com um daqueles lugares mágicos e paradisíacos que o tornam quase irreal. As águas limpas e cristalinas (e geladas) da ribeira de Piódão e Chãs D’Égua estão torradas de pequenas casinhas e pontes construídas em xisto… um postal ilustrado em qualquer parte do mundo
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BELMONTE
Belli-monte” que significa “montes de guerra”, deu origem ao nome desta aldeia histórica!
Mas nem só confrontos bélicos entre lusitanos e romanos ou entre portugueses e espanhóis se faz a história desta localidade…
Tendo sido berço de um dos mais ilustres navegadores portuguesas, Pedro Álvares Cabral foi instalado no Solar dos Cabrais, o Museu dos Descobrimentos/Centro de Interpretação “À Descoberta do Novo Mundo”, tem como objectivo estudar e divulgar o seu maior feito histórico: a descoberta do Brasil. Aproveitamos por isso a nossa passagem para lhe fazer uma visita que nos fez recuar 500 anos de história num percurso bem apoiado por meios audiovisuais.
E, claro, subimos ainda até ao “inevitável” Castelo, localizado no topo da colina onde se destaca uma janela de estilo manuelino.
Fora do centro histórico fomos conhecer o Centum Cellas, também por Torre de S. Cornélio, um enigmático monumento de época romana que tem alimentado a imaginação ao longos dos anos de arqueólogos e historiadores, porque não se sabe ao certo qual terá sido a sua funcionalidade…
Para uns, terá sido um templo, para outros um acampamento militar e ainda há a versão de ter sido uma prisão. Numa das muitas lendas em seu redor é a de que terá sido construída por uma mulher com um filho às costas e daí o seu aspeto único e altamente irregular!
Especula-se ainda que um romano rico, Lucius Caecilius, terá ali construído termas, alojamentos para escravos e vários anexos ao seu redor e, reza a lenda, que lá dentro chegou a haver um bezerro totalmente de ouro, provavelmente deixado pelo seu dono romano (se é que existiu)…Mas o que importa verdadeiramente, é que é um exemplar único de arquitectura romana com janelas e buracos irregulares e a sua silhueta incrível e imponente e apesar de atualmente estar em ruínas é um local único no mundo, por toda a magia que representa séculos de lendas, mitos urbanos e suspeitas que até hoje não são totalmente confirmadas.
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SORTELHA
A belíssima Sortelha, no concelho do Sabugal, é uma das aldeias históricas mais bem conservadas… Passear pelos seus becos e ruelas é uma experiência única, uma autêntica viagem ao passado que nos faz recuar até aos tempos medievais.
O seu castelo domina toda a paisagem e ao seu redor as muralhas envolvem o casario em pedra. No interior do castelo, destaca-se a Torre de Menagem. Fomos andando “á toa” pelas muralhas e descobrindo as aberturas no chão, chamadas de Mata-Cães, que serviam para atacar os invasores!
Nesta região de acidentado relevo e de escasso revestimento vegetal abundam as formações graníticas de aspecto bizarro que, modelados pelo vento e chuva adquirem curiosas fisionomias de conotações fantasiosas que decoram e alegram o cenário envolvente a Sortelha.Por isso nesta região é normal dar-se nomes às pedras… a mais “famosa” tem o aspeto de um rosto envelhecido e é conhecida como Cabeça da Velha.
Junto da muralha de Sortelha estão as pedras do “beijo eterno”… duas pedras gigantes que se tocam levemente, como se se estivessem a beijar e que estão na base de mais uma lenda, que reza assim:
O alcaide da fortaleza de Sortelha tinha uma filha muito bonita. E a mesma história conta que a mãe era feiticeira. Na altura da invasão dos mouros, a filha apaixonou-se por um dos cavaleiros invasores, que faziam o cerco à muralha de Sortelha. A mãe, que desaprovava a relação, preferiu transformar o casal de apaixonados em pedra, do que deixar a filha partir com o cavaleiro amado. E, assim, existem as pedras do Beijo Eterno!
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MONSANTO
No meio de blocos colossais de granito ergueram-se paredes da mesma pedra construíram-se lares, em simbiose perfeita com o meio natural. Aldeia e natureza vivem em harmonia, são um só, num extraordinário equilíbrio entre penedos gigantes que desafiam as leis da gravidade.
Não é difícil de nos apaixonarmos por este lugar mágico!
O Galo no cimo da Torre de Lucano é uma réplica do prémio ganho no ano de 1938 em que foi eleita como a Aldeia Mais Portuguesa de Portugal. E hoje, tanto tempo volvido, Monsanto preserva a sua História, contada entre penedos que se atravessam no caminho.
Visitar Monsanto é compreender uma dádiva, é perceber como o ser humano é adapta ao meio que o rodeia mesmo quando a natureza é tosca, bruta e agreste. Neste lugar de autenticidade é-nos servida, de bandeja, uma das paisagens naturais e humanas mais marcantes, típicas e maravilhosas de Portugal.
Fomos explorando a aldeia e subindo desde o Miradouro dos Canhões até ao seu altaneiro castelo, descobrindo recantos encantadores por entre as íngremes ruelas, casas singelas ao lado de palacetes brasonados e claro as fotogénicas casas entre penedos e as icónicas “casas duma só telha“, em que um único barroco de granito serve de telhado!
Para visitar a parte alta de Monsanto não nos livramos de uma caminhada “a pique” mas que nos brinda, pelo caminho com fantásticas vistas como a do Penedo do Pé Calvo, que nos faz sentir muito pequenos ao lado de rochas de dimensão tão exagerada!
Uma vez na parte alta passeamos pelas muralhas do Castelo dentro das quais estão as ruínas da Torre de Menagem, da Capela de Santa Maria do Castelo, e a imprescindível Cisterna. No exterior das muralhas a norte, estão os vestígios da antiga povoação medieval de São Miguel onde sobressaem as ruínas da Capela de São Miguel, ao redor da qual ainda se encontram sepulturas antropomórficas esculpidas na rocha.
Acabamos a visita adquirindo para a mais recente coleção de “pedaços de Portugal” uma Marafona! Tratam-se de bonequinhas feitas à mão que estão ligadas à fertilidade. Têm a curiosidade de, na cara, não terem boca, nariz, nem olhos. Para não verem, nem contarem nada. Para a questão da fertilidade funcionar, dizem… que se devem colocar debaixo da cama do casal. Também dizem que funciona contra o mau olhado. E se de fertilidade estamos “servidos” já quanto ao mau olhado dá sempre jeito!
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IDANHA-A-VELHA
Idanha-a-Velha é uma aldeia encantadora e uma das mais antigas do conjunto das Aldeias Históricas de Portugal. A sua história remonta ao século I a.C., altura em que era conhecida por “Egitânia”.
A sua reduzida dimensão dá-lhe um ambiente tranquilo o que faz com que não se passe despercebido aos poucos locais que ainda a habitam quando se percorrem as suas ruas de máquina fotográfica em riste…
Estacionamos junto à ponte romana sobre o Rio Pônsul, caracterizada pelos seus arcos ogivais e que fez em tempos parte da via romana que ligava Mérida a Braga. Aqui pudemos mesmo pisar o leito do rio, quase completamente seco.
Debaixo de um sol abrasador visitamos no centro da aldeia onde se destaca o edifício da Igreja Matriz e, na sua frente, o Pelourinho. Muito pitoresca, mais do que ter monumentos para apresentar, é uma aldeia em que a História fala mais alto em cada canto.
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CASTELO NOVO
Com a alma da Serra da Gardunha, no concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco, Castelo Novo foi a última das 12 aldeias históricas de Portugal.
A torre, que é o que resta do castelo, é logo visível quando nos aproximávamos da aldeia e ao entrar entre muralhas temos mais uma vez a sensação de fazer uma viagem ao passado: rochas milenares fazem parte da construção e, num dos lados, estreitam a passagem, servindo assim para fazer com que os atacantes ficassem ali presos.
A aldeia em si é muito “leve”, casas de portas coloridas, vários chafarizes e água a correr nas caleiras – que vêm das nascentes da serra e que levam a água para as culturas de Castelo Novo.
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Passeamos sobre as suas muralhas tendo aos nossos pés os telhados da aldeia e fomos ainda conhecer um local curioso: a lagariça, um lagar de vinho ancestral, escavado nas pedras com duas pias: a maior para pisar as uvas e a mais pequena onde ia parar o mosto
E demos por terminado o périplo pelas aldeias históricas na sua praia fluvial, uma piscina natural, onde nos pudemos refrescar em mais um tórrido dia de verão
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Todos os textos são da autoria de Olga Samões e todas as fotografias deste blog são da autoria de José Carlos Lacerda, exceto onde devidamente identificado. Proibida a reprodução de quaisquer textos e/ou imagens sem autorização prévia dos autores
São 12 as aldeias históricas, são 12 os locais de sonho que pode conhecer no nosso país
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