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Merzouga a Aït Benhaddou

Foto do escritor: aroundtheworldtravelaroundtheworldtravel

Acompanha-nos nestas etapas que nos levaram até á icónica Aït Benhaddou, com muitas surpresas e aventuras pelo meio!!

ETAPAS 6 E 7

Merzouga / Vale do Dadés

Após dois dias em que tínhamos desfrutado do deserto dourado do Sahara, a nossa cabeças já se concentravam em torno do próximo destino: as duas gargantas dos vales do rio Todra e do rio Dadés!

Mas ainda tínhamos pela frente a saída pelas pistas de areia até á estrada de alcatrão para continuarmos a viagem… no entanto, com a ajuda dum jipe do hotel que transportou as malas e nos indicou o caminho, tudo correu sem qualquer sobressalto de maior.


Partíamos agora rumo a Tinerhir, a localidade onde desviaríamos para conhecer o vale do Todra, passando por diversas populações locais.

De todos os trajetos percorridos foi este o que mais gostámos:

Nas aldeias que fomos atravessando havia mais gente fora de casa e, na rua, abundavam os mercados a céu aberto, que atravancavam o trânsito na única via mas que nos permitia um contacto mais de perto com os seus habitantes.

Tirei centenas de fotos de cada pormenor que surgia a cada curva… infelizmente todas se perderam com a máquina que inadvertidamente me caiu do bolso já no fim desta etapa. Um sentimento de frustração enorme nem tanto pela máquina em si mas por ficar sem tantos registos, tão autênticos e únicos, tão irrepetíveis…ficarão apenas para sempre na memória!

Com o deserto para trás uma boa parte deste caminho rumo ao oeste faz-se ao longo de uma estrada que corre paralela ao fértil vale do rio Dadés. O relevo é ainda marcado pela presença do Alto Atlas, a norte, mas o percurso conta com uma via pouco acidentada.


De Tinerhir até às famosas gargantas do Todra é um pequeno passeio de poucos quilómetros, atravessando uma sequência quase ininterrupta de palmeiras, a perder de vista.

As mesmas que garantem a continuidade das colheitas de tâmaras e respetiva comercialização que são a alavanca da economia local.

Gorges do Rio Todra

A estrada mais á frente começa a parecer um estreito corredor, cor de laranja, de paredes verticais, tão profundo e abrupto que nem a luz do sol consegue penetrar e alcançar as margens do Rio Todra. Chamam-lhe “Gorges” (garganta) e percebe-se porquê…

A margem e o rio estendem-se lado a lado.

A estrada de betão serpenteia ao longo do rio e neste, a água corre entre os bancos de seixos, arrastados e amontoados pelas correntes. Muitas pessoas caminham descalças sobre o leito, já que a água lhes dá pelos tornozelos. Na estrada o vaivém de carros e camionetas, camelos para alugar e bancas com turbantes, lenços e mais umas quantas recordações para quem quiser comprar tornam ainda mais demorado fazer o percurso. Paramos no local mais “mediático” e juntamo-nos aos que por ali aproveitavam para se refrescar naquelas águas límpidas.


Abandonamos o rio Todra e regressamos á N10 para os últimos 50 quilómetros.

Não foi, no entanto, um percurso fácil…

Começou-se a levantar vento de tal forma forte que as rajadas nos fizeram diminuir consideravelmente o ritmo da viagem e temer mesmo uma queda de tal forma nos sentíamos empurrados em várias e aleatórias direções…

Ao longe víamos remoinhos de terra a formar-se e a elevar-se no ar de forma assustadora! Um deles, felizmente dos mais pequenos, chegou mesmo a atingir-nos no meio da estrada.

Foi também nesta parte da etapa que perdi a máquina que tinha colocado no bolso… provavelmente as rajadas de vento que abanavam o casaco fizeram-na cair sem eu ter dado conta tendo apenas dado pela sua falta já no quarto do hotel quando a procurava para rever as fotos tiradas.

Boulmane e o desfiladeiro do Rio Dadés

O próximo destino era Boulmane onde pernoitaríamos no Hotel Xaluca Dadés.


O hotel, construído ao estilo berbere (arquitetura tradicional mourisca) com uma soberba decoração lembrando quase uma galeria de arte tem todas as comodidades que possam imaginar.

Fica aqui o link do site do hotel para que quiserem fazer a reserva diretamente,

O hotel, construído ao estilo berbere (arquitetura tradicional mourisca) com uma soberba decoração lembrando quase uma galeria de arte tem todas as comodidades que possam imaginar.

A pequena localidade de Boulmane não tem muito para oferecer.


Por isso, após um breve almoço no hotel, único sitio onde nos foi possível fazer uma refeição pois devido ao Ramadão todo o comércio se encontra com horários alterados, nomeadamente os restaurantes que só abriam para o jantar, decidimos fazer uma incursão pelo vale do rio Dadés acima.


Aït Benhaddou 4

Seguimos vários quilómetros com algumas perspetivas notáveis sobre o vale onde os oásis verdes e os kasbahs do interior se misturam com a rocha avermelhada caracterizada pelos “dedos de macaco”, dando á paisagem uma tonalidade bicolor que parece ter sido pintada a pincel.



Mas, a certa altura a estrada começou a ficar em muito mau estado devido ás obras inacabadas de que estava a ser alvo, o que fez com que tivéssemos que regressar sem atingir o topo do desfiladeiro, perdendo assim a famosa perspetiva da estrada em ziguezague serpenteando na montanha

Vale do Dadés / Ouarzazate

Esta pequena etapa, de cerca de apenas 100 quilómetros, foi incluída pelo facto de nos estar a “sobrar” tempo e tinha como objetivo permitir uma viagem mais relaxada nesta zona mais acidentada e também para alguns desvios da “rota” visitando os vales dos rios por que íamos passando bem como os pequenos povoados…

Também estava planeada uma visita a El Kelaa M’Gouna, mais concretamente aos seus esplendidos roseirais que fazem dela um centro de comércio do perfume de rosa resultante da produção massiva que aí se faz. No entanto, há nossa passagem não havia uma única flor! A colheita floral, que pode chegar às vinte mil toneladas de rosas, tinha já sido feira durante os meses de maio e junho.

Mas nem por isso o percurso foi menos interessante pois toda esta região está polvilhada de belos kasbahs, a grande maioria abandonados e em ruínas, castelos fantasmagóricos que parecem saídos de um livro de ilustrações, que a luz do sol intenso incendeia de vermelho, alguns entrevistos entre os palmeirais dos oásis presenteando-mos mais uma vez com os contrastes de cor que tanto caracterizam este país.

Ouarzazate

Chegamos a Ouarzazate ainda pela manhã e deparamo-nos com uma cidade parada, sem grande beleza arquitetónica, muito suja e que nos pareceu, á primeira vista, desinteressante…


Tínhamos escolhido para aqui pernoitar uma “Riad”!

Quando comecei a ler sobre este tipo de alojamento no planeamento da viagem, fiquei completamente encantada e certa de que deveríamos experimentar.


Uma “Riad” marroquina é uma casa senhorial ou palácio antigo com um pátio no seu interior, geralmente pequenos, gerida por uma família local que a recuperou e a adequou á hotelaria. O escolhido, “Riad Ksar Aylan” reservava-nos algumas surpresas…

Situado na outra margem do rio, na zona mais periférica da cidade, antes de mais não foi fácil de encontrar: o local onde o GPS nos dizia que tínhamos chegado ao nosso destino era uma avenida cheia de casas de pneus, de peças de automóveis arrumadas de forma caótica e de oficinas sujas e rudimentares, nada nos sugerindo a existência de qualquer tipo de alojamento naquelas bandas…

Após duas ou três tentativas em percorrer a avenida mais para cima ou mais para baixo dando margem de erro à localização das coordenadas, optamos por parar na bomba da gasolina para aí pedir informações.

Depois de muitas dificuldades de comunicação por aí não saberem falar inglês e, nem o nosso nem o francês deles ser fluente ao pontos de nos entendermos, lá conseguiram perceber o que procurávamos e deram-nos instruções de como lá chegar… até ficava ali relativamente perto! Tínhamos que abandonar a avenida principal e virar para uma ruela assustadora pelo meio de casas degradadas e mais á frente encontraríamos uma placa indicativa do local.

Seguimos a medo pelo caminho indicado ficando cada vez mais aterrorizados quando a tal placa nos indicava uma travessa ainda mais suja e apertada entre casas sem portas e janelas, num cenário propício a um filme de terror!

Finalmente, num beco sem saída, todo ele em terra batida, reconhecemos a porta da entrada da nossa Riad…

Estava fechada pelo que batemos á porta utilizando os característicos batentes de ferro em forma de “mão de Fátima” que simbolizam os cinco pilares do Islão: a fé, o jejum no Ramadão, a peregrinação a Meca, a oração e a caridade.

Enquanto esperávamos éramos assaltados pela tentação de abandonar aquele local e tentar arranjar alojamento numa nos hotéis de cadeias internacionais, tipo “Íbis”, que tínhamos visto no centro da cidade… Felizmente não o fizemos!

Fomos recebidos por uma rapariga que não sabia falar inglês, que não sabia nada sobre a nossa reserva e que nos informou que o dono não estava. Entramos mesmo assim na casa para um corredor estreito com uma secretária improvisada para receber os hospedes e onde um operário arranjava o chão de acesso ao seu pátio interior.

O dono já tinha sido contactado e vinha a caminho pelo que nos foi informados que poderíamos, entretanto, ver as instalações… Uma vez que já estava paga a estadia, nada tínhamos a perder em ver o espaço e se não nos agradasse tínhamos sempre o recurso em pernoitar num outro local.

Subimos ao primeiro andar e quando entramos no quarto ficamos abismados…

Enorme, bem decorado, com todas as comodidades de que não estávamos á espera, o mais bonito de toda a nossa estadia! Tínhamos tomado a decisão tinha sido a certa em insistir naquele local não só pela sua fabulosa arquitetura mas também, e essencialmente, pelo estilo de hospedagem e o tratamento que recebemos naquele local.


Já não o conseguimos localizar no Booking, por onde reservámos mas esperamos que continue em funcionamento, nós adoramos!


Fica no entanto aqui este conselho… pelo menos uma vez numa viagem por Marroxos fiquem numa riad!

Aproximava-se a hora de almoço e estando fora de questão uma refeição na riad onde respeitavam o jejum imposto naquele mês de Ramadão, deixamos a bagagem no quarto e voltamos á mota para nos dirigirmos ao centro da cidade.

Aí Passamos pelo Kasbah de Taourirt, o antigo palácio-fortaleza do pachá El Glaoui, construído no século XVIII e pelo museu do cinema, ambos encerrados àquela hora do dia.

Enquanto circulávamos um pouco “á toa” nas suas ruas desertas uma vez que tudo se encontrava fechado reparamos num restaurante que tinha na sua pequena esplanada turistas a almoçar… Nem hesitamos, parámos logo ali para fazer a nossa refeição!

Foi uma grande sorte termos dado com aquele local pois para alem de bem servidos tivemos direito a um “ar condicionado” original: pequenos vapores de água fresca eram periodicamente lançados pelo furos dos tubos colocados na parte posterior da cobertura da esplanada refrescando o ambiente!

Estava na hora de seguir até Aït Benhaddou!

Aït Benhaddou

Para a parte de tarde tínhamos deixado a visita a Aït Benhaddou, nas proximidades de Ouarzazate e que está na lista UNESCO como património Mundial da Humanidade.

Estávamos previamente avisados pelo nosso recente amigo Bob, que tínhamos conhecido em Errachidia e que por lá já tinha passado, que o caminho que nos levaria a Aït Benhaddou estava em péssimas condições, várias vezes cortado para obras obrigando-nos a desvios por estradões de terra batida e muita pedra solta. Mas mesmo assim arriscamos…

O percurso até Aït Benhaddou foi, de facto, duro fazendo-nos acima de tudo temer um furo dada a quantidade de pedra solta aguçada que saltava à nossa passagem… ainda por cima porque inadvertidamente tínhamos deixado o kit de auxilio na riad com a restante bagagem que tiramos para aliviar o peso da mota.

Aït Benhaddou é uma pequena localidade com a sua mesquita e as suas casas modestas dispostas de ambos os lados da estrada que a atravessa, como tantas outras localidades de Marrocos, com a diferença de que se sucedem várias tendas montadas com artesanato local e várias outras lembranças da zona por serem muitos os turistas que até ali se deslocam.

Ao chegarmos não é logo visível o seu famoso Ksar, anunciado em placas rudimentares, escritas à mão, que indicam o seu acesso pedonal por entre as ruelas da população.

Paramos à sombra de uma árvore, na berma da estrada, junto a uma dessas tendas turísticas e logo formos abordados pelo seu vendedor… simpático, descansou-nos logo quanto á segurança de por ali estacionarmos a mota dizendo que ele próprio zelaria pela mesma em troca de fazermos uma visita ao seu “estabelecimento”…

Debaixo dum sol abrasador e cheios de calor devido ás calças e casacos da mota que trazíamos vestidos, atravessamos a população na direção indicada pelas placas até um pátio onde, ao longe finalmente pudemos avistar a mítica cidade castanha e lamacenta de Aït Benhaddou!


Uma fortaleza no meio do nada que carrega consigo “aquele quê” de imutabilidade à passagem das épocas, das vontades e dos costumes, impressionando pela sua aparência e porte cinematográfico.

Na verdade foram já vários os filmes históricos filmados em Aït Benhaddou, incluindo “Asterix & Obelix”, “Lawrence of Arabia”, “Prince of Persia” e  também foi o local de um episódio da série de televisão “Game of Thrones” (Temporada 3).

O casario barrento de Aït Benhaddou cobre por completo a colina rodeado por muralhas defensivas, que protegiam a cidade de ataques inimigos. Atualmente, ninguém vive dentro de portas, a população local vive do lado de cá do rio, seco que permite uma travessia é feita a pé, sobre seixos e lama seca.

Aït Benhaddou é, no fundo, uma cidade fantasma que apesar de bem preservada não consegue contrariar o vazio de pessoas e movimento. Vale pelo postal…

Aït Benhaddou

O calor que se fazia sentir demoveu-nos da caminhada até ao interior de Aït Benhaddou e pouco mais havia para ver e descobrir pelo que regressamos á mota e á companhia do vendedor que amavelmente nos mostrou a sua “loja” e nos ensinou como colocar na cabeça um lenço “tuareg”.


Ainda na saga do cinema, no caminho de regresso de Aït Benhaddou era nossa intenção visitar os estúdios onde se fizeram filmes famosos como a Múmia ou o Gladiador mas uma vez que estávamos na época do Ramadão o seu horário de abertura era mais “curto” do que o normal justificado, por um lado, pelo cansaço dos seus empregados que estão um dia sem comer nem beber e por outro porque há que preparar e primeira refeição do dia, o chamado “Iftar” ou “Ftour” mal o sol desapareça.

Pelo que de fora conseguimos ver também não deixou pena não termos efetuado esta visita pois o local parece bastante abandonado e sub aproveitado face as potencialidades que apresenta e assim até nos deixou mais tempo para finalmente assistirmos á tão famosa “quebra do jejum”…


“Iftar” ou “Ftour”, o fim do jejum num dia de Ramadão

Na verdade, andávamos já há dias a “falhar” presenciarmos este momento…

Primeiro porque andávamos em pleno deserto, depois porque tínhamos chegado um pouco “atrasados” ao hotel no regresso da visita ás gargantas do Dadés e já só vimos as pessoas com as garrafas de água vazias nas mãos…

Sabíamos que existia um “sinal” para que a população soubesse quando poderiam quebrar o jejum: o famoso grito islâmico pelo altifalante das mesquitas “Alahu Akibar” ou uma sirene vinda dos bombeiros, policia ou exercido local… o resto só imaginávamos!

Na nossa ideia, vinham todos para a rua e festejavam o por do sol, comendo finalmente as famosas tâmaras e outros frutos doces que víamos espalhados por todos os mercados e brindando em conjunto. Não podíamos estar mais errados…

O pôr do sol era esperado naquele dia para cerca das 19:30 e foi com mais de uma hora de antecedência que chegamos novamente á cidade de Ouarzazate.

A água que tínhamos levado tinha acabado e por isso fomos reabastecer-nos num mini mercado local. Por uma questão de respeito pela cultura do país e pelas suas tradições evitávamos comer e beber em público e por isso deslocamo-nos para uma rua menos movimentada e sentamo-nos no passeio a coberto da mota para “ás escondidas” matarmos a sede ao mesmo tempo que pensávamos naqueles “pobres desgraçados” sem comer e sem beber o dia todo… só presenciando e sentindo as condições em que Ramadão acontece se pode ser uma ideia de quão duro é!


Dirigimo-nos depois para junto da praça principal da cidade para conhecer o mercado.

Trata-se dum souk maioritariamente coberto, muito movimentado, onde se vende de tudo um pouco. Um lugar fantástico para entender melhor o dia-a-dia dos marroquinos uma vez que são raros os turistas que por lá andam, o que lhe confere uma autenticidade difícil de igualar.

Deambulamos pelo meio das gentes quase sem sermos notados… os ânimos estavam a ficar mais tensos e a azafama era total! Já eram muitas horas sem comer, beber e fumar…

A mota estacionada junto à entrada do mercado chamava a atenção dos que por ali passavam e foi o mote para uma brincadeira com um marroquino que aproveitava para tirar uma foto com ela e ao qual pedimos, pelo facto, uns dirahms como era costume local!

Na sequência, ficamos à conversa com ele. Com um espanhol fluente pela facto de já ter trabalhado em Espanha conversávamos sobre a viagem que estávamos a fazer de mota, por onde já tínhamos passado e por onde ainda iríamos quando reparamos que estava constantemente a olhar para o seu telemóvel a “controlar” as horas…

Sabíamos porquê! Aproximava-se o pôr do sol…

Dissemos-lhe então que estávamos ali precisamente para presenciar tal momento, para ver como seria a quebra do jejum.

E, para nosso espanto, ele disse que se por ali ficássemos o mais provável era sermos os únicos na rua… De facto, podíamos ver as pessoas a começar a correr para as suas casa, sorridentes, saudando-se uns aos outros.

O frenético mercado, que até ali estava cheio, transformava-se aos poucos num espaço silencioso…a razão é simples:


A quebra de jejum é feita em privado, entre familiares e amigos. Só depois saem novamente à rua para a oração na mesquita.

E, do nada, um convite inesperado surgiu…

Fomos convidados por esta pessoa que conhecíamos há meia dúzia de minutos para partilhar com ele e com a sua família, em sua casa, o seu Ftour.

Comentei, entre dentes, que tinha lido algures que tal convite, a não muçulmanos, deveria, caso tivéssemos a sorte de com ele ser contemplados, ser considerado uma honra… e, arriscámos…

Quase nos arrependemos quando fomos conduzidos para uns prédios com uma entrada “macabra” em que a luz das escadas não funcionava e cujos apartamentos pareciam abandonados á medida que subíamos!


Seria boa ideia acompanharmos assim um estranho não sabíamos bem para onde???

Mas ,em breve, os nossos receios se dissiparam e hoje fica a grande história que temos para contar!

Reparamos que, ao entrar em casa, o nosso “recente amigo” se descalçou e que no hall se encontravam vários sapatos, o que era bem demonstrativo daquele costume árabe. Perguntamos se também o deveríamos fazer, ao que respondeu que não, que poderíamos estar à vontade.

Da cozinha vinha a azafama da preparação da esperada refeição

Fomos, no entanto, encaminhados para a sala, simples, com um sofá e uma ventoinha e com apenas uma pequena abertura a servir de janela, que dava para a praça principal da cidade. Lá conhecemos o resto da família, o seu irmão e o primo com quem residia e ainda um amigo que por lá estava. Sempre muito simpáticos e curiosos com a nossa presença fomos tentando conversar, o que nem sempre foi fácil pois mais nenhum dominava o espanhol e o seu inglês era péssimo!

Até que chegou o momento mágico do dia…

Eram 19:38 quando soou, vindo do quartel militar de Ouarzazate, uma sirene! Era sinal que se tinha posto o Sol e a “ordem” para se poder quebrar o jejum.

Ao contrário do que pensávamos, apesar de tantas horas sem comer eles não “atacaram” a comida e a bebida que estava agora ali à nossa frente, em grande abundância, servida numa mesa de centro “móvel” que tinha vindo posta da cozinha. Uns modestos goles de iogurte liquido, um pouco de pão com queijo, um meia tijela de sopa e fruta e estavam satisfeitos…

Explicaram-nos, depois, que após tantas horas o estômago não “pede” mais nada!

No fundo, come-se mais com os olhos durante o dia, em que têm vontade de comprar tudo para mais tarde comer, do que depois na realidade o fazem.

Já a outra proibição inerente ao Ramadão, não fumar, é “celebrada” com mais entusiasmo!

Na verdade, tratando-se de um vício é bom de ver que nem sempre é fácil lidar com a ausência da nicotina e outras substancias… os ânimos, em geral, começam a ficar mais tensos, ficam melindrados por tudo e por nada! Por isso, reparamos que a verdadeira “fome” dos nossos anfitriões era mesmo a de fumar… respeitosamente, pediram-nos autorização para o fazer ali na sala, na nossa presença enquanto saboreavam o típico chá de menta. Partilhamos obviamente apenas a parte do chá, delicioso por sinal, o melhor que provamos em toda a nossa estadia em Marrocos!

Apesar da sua insistência para lá continuarmos e jantarmos com eles, agradecemos mais esta amabilidade explicando que entretanto já tínhamos combinado, com o dono da Riad onde estávamos instalados, o jantar para essa noite, pelo que nos aguardavam por lá.

Despedimo-nos então destes nossos amigos inesperados com a sensação de que tínhamos vivido uma experiência enriquecedora de que muito poucas pessoas se pode orgulhar.


Após um longo banho para retemperar forças daquele dia que ao início parecia perdido numa cidade sem graça mas que acabou por marcar a nossa viagem pelas suas gentes, tínhamos á nossa disposição um “banquete” servido no terraço descoberto situado no último piso da riad.

As vistas não era das melhores pois parecia que, à nossa volta, estava instalado o holocausto, de tal forma eram os “telhados inexistentes” das casas inacabadas, sujas e cheias de tralha velha.

No entanto, a decoração típica que nos rodeava fazia-nos esquecer “o caos” á nossa volta e desfrutar de mais uma tajine, feita na hora.

O PROXIMO ARTIGO é dedicado ás etapas 8 e 9 – OUARZAZATE / MARRAQUEXE / ESSAOUIRA / MARRAQUEXE

Para trás já tinham ficado locais como Tânger , Fez e o deserto de Erg Chebbi

Seguimos viagem?


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