Após uma noite mal dormida de 6 horas no voo Lisboa / São Tomé, nem do seu modesto aeroporto saímos pois esperava-nos mais um voo interno de cerca de 30 minutos que nos levou até à Ilha do Príncipe…
142 km² de natureza no seu estado mais puro…
As imagens aéreas já nos “convenceram” e aumentaram as expectativas… Mesmo com muitas nuvens e num dia de trovoada (que fez com que o voo São Tomé / Príncipe se atrasasse umas horas)!
Foi declarada Reserva Mundial da Biosfera, só podia!
Com uma costa vulcânica intocada envolvida num ecossistema tropical onde se misturam diversas culturas africanas com as tradições coloniais portuguesas, a Ilha do Príncipe foi o nosso primeiro contacto com a “África Negra”…
Ficamos alojados em Bom Bom, um pequeno ilhéu junto da costa norte da Ilha do Príncipe.
O hotel, integrado em plena floresta tropical entre duas praias paradisíacas com água cor de esmeralda e areia dourada pelo sol, onde é possível observar numa o nascer do sol e na outra o pôr-do-sol, é um refúgio tranquilo e que nos oferece o que de melhor a Natureza tem para mostrar.
Todas as palavras serão sempre poucas para descrever tamanha beleza…
Se nunca se apaixonaram à primeira vista, terão aqui a vossa estreia! Impossível não nos perdermos de amores pela Ilha do Príncipe “encantado”.
Após uma manhã simplesmente a usufruir da extraordinária paz e da beleza natural desta parte remota do Mundo, quisemos sair do “paraíso”, conhecer um pouco esta pequena ilha, apenas habitada no centro e norte por cerca de 9000 pessoas já que o Sul é ainda virgem e inabitado!
E como circular na Ilha do Príncipe não é tarefa das mais fáceis optamos por um dos passeios que o hotel organiza…
Ao longo do percurso tivemos oportunidade de testemunhar o modo de vida dos habitantes da ilha e as suas modestas casas. Normalmente são as minhas fotos preferidas… “as fotos do caminho” como lhes costumo chamar! Ficam normalmente desfocadas, desenquadradas, até tortas mas refletem realidades, culturas e modos de vida diferentes. E é isso que buscamos em todas as viagens que fazemos!
Fora da única estrada em alcatrão que liga o aeroporto à pequena capital da ilha, Santo António, todos os caminhos são de terra batida. Cruzámo-nos com algumas crianças a brincar na berma da estrada e à porta das suas casas, construídas essencialmente em madeira, muito simples, sem grandes condições e com mulheres que levam a cabo as tarefas domésticas de lavagem das louças e das roupas nos fontanários públicos.
Somos confrontados com este estado de precariedade em cada canto, por aqui o progresso ainda não chegou, parece que parou no tempo… tudo é muito simples e básico.
Roça Paciência
Sempre rodeados de floresta tropical fomos observando as várias espécies de árvores até chegarmos à Roça Paciência, em processo de reabilitação, onde já se trabalha no processo da secagem do cacau e se prepara o relançamento da agricultura. Daqui saem legumes, frutos, ervas aromáticas, café e cacau, além das compotas servidas aos pequenos‑almoços nos principais hotéis do Príncipe.
Situada a norte da ilha do Príncipe, apesar da sua pequena dimensão e aspeto deteriorado pelo tempo, conserva um certo ambiente familiar, muito idêntico às pequenas quintas portuguesas. Tem uma estrutura de «roça-terreiro», com geometria quadrada e encerrada pelos seus edifícios: duas sanzalas ocupam uma das faces do recinto, os secadores e o antigo galinheiro formam a ala contrária. As oficinas e a casa principal, a casa dos empregados e os escritórios “fecham” o complexo.
Descobrimos que o cacau é um fruto, doce, cujo sabor nada se assemelha ao chocolate… provamos um que o Vander, nosso guia/motorista apanhou na beira de estrada!
E ficamos impressionados com a simplicidade com o que nos foram confidenciando os nossos anfitriões, que após nos mostrarem um número infindável de folhas e frutos que usam no dia a dia, nos dizem: “ …aqui somos todos ricos! Temos uma terra que nos dá tudo, é só colher e cozinhar”! “Há, claro, pessoas pobres, como no mundo inteiro, mas quando têm fome esticam a mão para uma árvore de fruta-pão, assam-na numa fogueira improvisada e têm uma refeição.”
Praia Banana, Ilha do Príncipe
Partimos depois para mais um recanto de suster a respiração na Ilha do Príncipe: a praia da Banana com os tons de azul com que as praias daqui já nos habituaram.
Apenas a conseguimos apreciar de cima, do alto da Roça Belo Monte, mas só a vista sobre o mar turquesa e a vegetação já nos conquistou… o areal branco e as águas transparentes convivam a que até lá se desça… se tiverem tempo não hesitem, apostamos que não se vão arrepender!
Roça Belo Monte
Bem perto, a Roça Belo Monte, no topo da montanha, oferece além de mais uma maravilhosa vista, alojamentos de luxo, restaurante e piscina numa envolvência também ela digna de registo.
Uma aposta num tipo de turismo diferente, que respeita a identidade, a cultura, a arquitetura paisagística e patrimonial e que por isso não podemos deixar de aconselhar:
Há ainda aqui, para visita um pequeno museu com muitas informações sobre a história da ilha, a sua flora e fauna e ainda com alguns trajes típicos.
Roça Sundy
Conhecemos ainda a Roça Sundy, de arquitetura colonial, resultado da conversão em hotel de uma roça de cacau em que 90% dos atuais colaboradores foram recrutados na comunidade local, que ainda por lá vive e “partilha” as instalações… em breve terão a sua “Terra Prometida” onde serão realojados.
A roça está dividida em dois espaços: a casa principal e os antigos secadores e as sanzalas e as cavalariças. O ponto de encontro é o terreiro central onde é frequente assistir a um improvisado jogos de futebol! Há ainda o antigo hospital, junto ao principal acesso, uma sombra do que já foi, mas tem o encanto e o potencial de uma construção que a selva está a encarregar-se de cobrir.
Este é mais um dos projetos de Mark Shuttleworth, sempre com uma forte componente de responsabilidade social e sustentabilidade ecológica. Dizem os locais que o empresário (e milionário) ao sobrevoar a ilha não resistiu à beleza! Hoje a sua empresa é a principal entidade privada na ilha.
Aliás, este é o lema em toda a ilha: a agricultura é 100% biológica, os hotéis estão restringidos a pequenos resorts, com limite de 50 bangalôs e partir de 2020, será cobrada uma taxa para a entrada de plástico.
Outra curiosidade na Roça Sundy é o facto deste local ter sido palco do teste da teoria da relatividade de Alberto Einstein pelo astrónomo inglês Arthur Eddington e o seu assistente Edwin Cottingham, um ponto alto da ciência do século XX. Aconteceu durante um eclipse solar, que permitiu analisar a deflexão da luz. Tal como é explicado numa placa alusiva ao acontecimento histórico, aqui ficou provado que o espaço e o tempo não eram absolutos!
É um lugar especial, cheio de história e de histórias, onde se sente a tranquilidade em cada canto!
Santo António, a capital da Ilha do Príncipe
E finalmente fomos visitar a velha cidade portuguesa de Santo António, tecnicamente a cidade mais pequena do Mundo!
É uma cidade que provoca sentimentos contraditórios. Por um lado, pobre, mal cuidada, quase a roçar o abandono. Por outro, cheia de crianças e jovens, movimentada para os seus cinco mil habitantes, com uma loja de cada ramo para os servir – padaria, mercearia, de recordações ou de venda de tecidos.
Questionamos sobre o que pensam de “nós”… pensávamos que não teriam a melhor imagem dos seus antigos colonizadores! Mas não… para nossa supressa foi “isto” que ouvimos das suas bocas:
“Nós dizíamos mal dos portugueses, mas a verdade é que tudo foi à falência quando foram embora!”
“O povo não soube manter o que tínhamos e tudo ruiu! O gado morreu porque não o soubemos tratar, as roças pararam de produzir, foram invadidas pelas pessoas e degradaram-se”. “
“Atualmente temos muitas ajudas de Portugal e vivemos muito dos turistas portugueses que são maioritariamente os nossos visitantes e por isso somos muito gratos…”
E, a verdade é que em todo o percurso fomos sendo invariavelmente cumprimentados por desconhecidos, adultos e crianças, que nos recebem com olhar curioso e um sorriso nos lábios, que se “abria” ainda mais quando percebiam que eramos portugueses! NÓS é que ficamos eternamente gratos!
Na ilha em que a floresta tem mais força que o homem, a simplicidade das suas gentes, a beleza surpreendente das suas paisagens e das suas praias paradisíacas conquistou-nos de imediato e passou sem dúvida para o top das nossas preferências.
Esta é a ilha onde mais de cinquenta por cento do território é área protegida. Aqui trocam-se garrafas de plástico por outras amigas do ambiente, incentiva-se a reciclagem desde a escola primária e combate-se o turismo de massas com o turismo de consciência. Não em projeto… na vida real!
É um pequeno diamante em bruto à espera de ser descoberto. Descoberto, (mas, por favor) não alterado… quase apetece desejar que se mantenha em segredo!
Esta foi a nossa primeira “paragem” na viagem que fizemos em 2019 ás ilhas de São Tomé e Príncipe…
Não percam as próximas, no Ilhéu das Rolas e nas rotas norte, centro e sul de São Tomé!
São Tomé e Príncipe – LEVE, LEVE
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