Mudamos de país, de língua, de escrita, de moeda e de gentes…Aterramos na Republica Popular do Laos e escolhemos Luang Prabang, uma pequena cidade a cerca de 400 quilómetros da capital Vientiane, para os últimos três dias destas nossas férias e não podíamos terminar de forma mais perfeita pois Luang Praband é simplesmente encantadora...
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O seu tamanho contrasta com a sua tamanha beleza e inúmeras atracões, maioritariamente localizadas no centro histórico, ao longo da rua Th Sisavangvong. Localizada numa península formada pelos rios Mekong e Nam Khan, reúne as suas casas típicas de madeira, aliadas à arquitetura colonial de herança francesa, templos budistas, comércio vibrante e restaurantes lindos de morrer e com uma gastronomia deliciosa, apesar de extremamente picante!
Mas o que nos chamou de imediato à atenção é que ali ninguém apita nas estradas, nem existem engarrafamentos… com estilo de vida calmo e relaxado, diria mesmo, zen, é impossível resistir a esta pérola do Sudeste Asiático!
Tendo chegado já de noite, o primeiro “cheirinho” da cidade foi-nos dado pelo seu magnifico “night market” com dezenas de bancas de artesanato e produtos locais a preços baixíssimos e onde, ao contrário dos outros por onde tínhamos passado podemos ver tudo à vontade, sem termos logo alguém a chatear-nos para comprar.
Para o dia seguinte estava programado um passeio pelos “arredores”: Sairmos bem cedo da cidade rumo ás cavernas “Pak Ou” acompanhados por um frio e nevoeiro que tornou desagradável a subida do Rio Mekong mas que deu para apreciar como vivem as gentes nas suas margens e pudemos desfrutar das lindas paisagens do percurso que se desmultiplicam e se esvaiem em campos de arroz, em planícies semi-inundadas, em povoações e casas com alicerces em terra e em água. Chegados aos dois santuários escavados dentro de cavernas de pedra calcária, decoradas com mais de 4.000 esculturas de Buda, acabamos por ver as nossas expectativas goradas…escuras, mal preservadas, mais pareciam um deposito de lixo onde se amontoam “à toa” budas de diversos tamanhos, que um local religioso. Perdemos imenso tempo nesta paragem sem nada de verdadeiramente interessante para ver.
Antes de seguirmos para as famosas cascatas Kuang Si, almoçamos num local onde também organizam passeios de elefante e ainda paramos na aldeia Ban Xang Hai, popularmente conhecida como a aldeia de whisky mas mais uma vez nos sentimos “enganados” pela descrição feita no programa da “tour”… não se trata verdadeiramente de uma aldeia, é um local “de negócio”, sem qualquer interesse, uma armadilha para turistas onde apenas se vendem produtos locais e whisky de arroz.
Ainda com o percurso inverso no rio para percorrer até de novo aportarmos em Luang Prabang e daí apanhar uma camioneta para as cascatas situadas a 25 quilómetros por estradões em mau estado, o tempo foi passando e a verdade é que quando finalmente lá chegamos o sol já estava baixo e a temperatura já não convidava a um mergulho nas suas lindas águas azuis turquesa...de qualquer forma, o cenário de inúmeras piscinas naturais de águas azuis turquesa, alimentadas por uma queda de água de 50 metros é simplesmente imperdível, um pequeno paraíso aquático!
O dia seguinte começou ainda mais cedo: 4:30 e já tocava o despertador... fomos assistir ao “almsgiving”, um dos rituais mais importantes para a religião budista em que os monges saiem descalços dos seus templos e numa fila indiana pintam, ao nascer do sol, as ruas de laranja... a população local e hoje em dia, muitos turistas ajoelham-se ao longo dos passeios enquanto monges e noviços passam com cestas recolhendo as oferendas. Os alimentos doados são parte da única refeição diária consumida por eles! Arroz (sticky rice) e doces (como bolos e bolachas) são as doações mais comuns.
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Supostamente tal recolha é feita em silêncio absoluto, um ritual cheio de espiritualidade durante o qual os monges estão em meditação, a orar e por isso não devem ser incomodados. Mas a verdade hoje assistimos a um verdadeiro comércio em torno deste culto. Embora existam pessoas que pratiquem a fé e religiosamente se ajoelhem nos seus tapetes são mais os turistas que se acotovelam para a melhor foto, com o uso indesejado de flashes disparados incessantemente e vendedores por todo o lado que fazem desta procissão o seu modo de vida.
De qualquer forma foi um privilégio ter assistido a esta cerimónia pois vimos com os nossos próprios olhos o que o forte senso de comunidade, generosidade e unidade ainda faz no mundo pelo que apesar de se ter tornado uma atracão turística são, no fundo, tradições seculares que se preservam.
Ainda da parte da manhã fomos fazer um divertido passeio na companhia de elefantes, aprendendo um pouco sobre esta espécie em vias de extinção num abrigo a eles dedicado onde têm todos os cuidados de saúde e alimentares e vivem em liberdade. Tivemos o cuidado de escolher um local em que fossem preservados pois são inúmeras as denúncias de maus tratos desses animais e sua exploração com fins turísticos. Andar no seu dorso e atravessar o rio ao sue ritmo “pachorrento” foi uma das experiências de viagem mais fantásticas que já tivemos. Esperava-nos depois uma subida do rio Nam Khan até ás Tad Sae Waterfalls, que correu muito melhor que a do dia anterior quer porque o tempo estava muito agradável quer porque este rio é mais intimista e resguardado. As cataratas, menos imponentes que as de Kuang Si são também muito agradáveis e proporcionam bons momentos de lazer e uns banhos refrescantes quando o calor aperta!
Regressámos já de tarde para conhecer finalmente “a fundo” a cidade. Visitamos todos os templos emblemáticos, subimos a enorme escadaria, com 329 degraus, do monte Phousi para avistarmos o Pra That Chomsi dourado e a deslumbrante vista de 360 graus da cidade em torno do rio Mekong e do rio Nam Khan onde assistimos a um pôr do sol simplesmente fenomenal e que compensou bem o esforço da subida. Do antigo Palácio Real aos mosaicos brilhantes e coloridos do Templo Wat Xieng Thong percorremos a cidade sem roteiro, sentindo o vento quente e deixámo-nos embalar pelos inconfundíveis cânticos dos monges budistas que nos acalmam a alma e embalam o espírito e aproveitámos para agradecer, mais uma vez, sermos felizes assim!
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