Apesar de termos planeado sair o mais cedo possível, já eram quase nove horas da noite quando finalmente partimos…
Desde assuntos profissionais de última hora que nos retiveram bem para além do normal horário de trabalho e que dada a nossa ausência por duas semanas não podiam ser deixados para depois até à estreia da mota no seu encontro com o asfalto, felizmente sem quaisquer consequências físicas e escapando apenas com uns arranhões na pintura, a verdade é que tudo parecia conspirar contra a nossa viagem!
O adiantado da hora fez-nos então alterar os planos em jantar pelo caminho e após metermos umas sandes à boca, rapidamente carregamos a mota com as malas, vestimos os fatos a rigor, enfiamos os capacetes e sem mais demoras ou grande tempo para as despedidas fizemo-nos à estrada. Nem uma foto tiramos…
Poucos quilómetros depois e já estava arrependida de ter apenas optado por levar as calças de verão, perfuradas para permitir a ventilação e o casaco de verão, também perfurado e com tecido leve e fresco, tendo apenas colocado por baixo o forro das calças de inverno e um casaco de algodão. O ar fresco do final de dia ainda nos fez pensar, relativamente perto de casa, em dar a volta para trás a fim de também colocar o forro do casaco mas o grande atraso que já levávamos fez-nos desistir da ideia. Mas depressa se pôs noite e a temperatura começou a baixar ainda mais pelo que não é difícil de imaginar o quão penosa foi a viagem de mais de 350 km! Nem a progressiva aproximação ao sul e a incursão para o interior do país amenizavam as temperaturas e foi com cerca de 14 graus chegamos a Elvas.
Já passava bem da meia-noite quando finalmente avistamos o nosso destino.
Os últimos quilómetros feitos por estradas secundárias por onde, estranhamente, o GPS nos levou já foram feitos em sofrimento, quer pelas referidas baixas temperaturas quer por termos feito a viagem de forma ininterrupta, de noite e após um longo dia de trabalho que ainda pela necessidade de adaptação ao peso da mota e ao saco "extra" colocado por cima da top case que a tornava mais instável.
Entramos na cidade construída para servir de posto fronteiriço nas guerras entre Portugal e Espanha pelo seu conhecido aqueduto da Amoreira mas nem tempo tivemos para apreciar as suas complexas fortificações. Dirigimo-nos de imediato para a sua zona nova formada por uma ampla avenida rodeada de centros comerciais variados onde se situava o hotel.
Apesar de estar programado com as coordenadas, supostamente infalíveis quanto à exata localização dos pontos de destino, a verdade é que o GPS logo no primeiro, falhou...não por muito, é verdade! Mas o adiantado da hora fez-nos logo temer o pior... estávamos em Portugal onde apesar de tudo não seria difícil obter informações caso estivéssemos num local totalmente diferente do que pretendíamos. Mas, como seria em Marrocos se tal se voltasse a repetir?
Umas boas centenas de metros mais à frente ainda estávamos nós a decidir o que fazer e lá avistamos a placa identificativa do Hotel Brasa.
Hotel muito modesto, com um preço interessante, escolhido simplesmente pelo facto de se encontrar no caminho para no dia seguinte entrarmos em Espanha por Badajoz, rumo ao ferry em Tarifa. Uma cama para dormir e recuperar forças para a longa jornada do dia seguinte...cumpriu por completo o seu objetivo!
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