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"Bruuummm...até ao deserto do Sahara!" - 5ª Etapa - Errachidia / Merzouga

Foto do escritor: aroundtheworldtravelaroundtheworldtravel

Atualizado: 3 de set. de 2019

Eram apenas 150 km aqueles que nos separavam daquele que era o tão esperado contacto com algo que nenhum de nós antes tinha visto… o Sahara!

O amanhecer trouxe de volta o calor desarmante já característico do deserto anunciando a dureza da etapa que tínhamos pela frente…

Sempre por estrada em asfalto, cada vez mais estreita mas em perfeitas condições chegamos a Erfoud onde nos surgiu a primeira dificuldade: um desvio cortava a estrada principal e fazia-nos avançar por estradas secundárias estando o GPS sempre e informar que o sentido estava errado… havia então que tentar passar pela estrada em obras ignorando as placas que cortavam o trânsito! E aí se deu o primeiro contacto com a areia, superado com distinção!



Saídos da povoação a estrada começou a entrar pelo deserto. A terra tingiu-se de cinzento… o que víamos não era bem aquilo que estávamos à espera! Era um deserto negro onde um pó preto e pequenas pedras negras cobriam o chão até onde a vista alcançava…

Já não restavam mais gotas no fundo das garrafas de água que tínhamos trazido connosco e era perceptível a desidratação que tomava conta de nós, pouco a pouco.

Até que ao longe avistamos as primeiras dunas de areia coloridas de um laranja impressionante. Isto sim era a nossa ideia do deserto! Nunca a paisagem marroquina nos tinha cativado desta maneira. O entusiasmo era tal que até a sede passou e nem sentíamos os 40 graus sufocantes que já marcava o termómetro da mota!

Mas a tudo isto começou a juntar-se um vento seco, quente, vindo das profundezas das dunas de areia que nos começavam a ladear e que queimava as nossas faces…se com o capacete fechado estava um calor insuportável, com ele aberto era impossível viajar!

Já tínhamos passado Rissani e seguíamos agora pela N13 em direção a Merzouga e íamos passando as várias placas na estrada que indicavam os diversos alojamentos da zona por trilhas que não conseguíamos distinguir do resto do terreno feito de pedra/gravilha e areia. E conforme nos tinha sido previamente informado lá apareceu no lado esquerdo a placa indicativa do “Aubergue du Sud”. No entanto não nos foi aconselhado seguir por esta pista maioritariamente de areia durante 8 km por ser demasiado “todo o terreno” para o tipo de mota em que seguíamos. Deviríamos antes ir quase até á entrada de Merzouga e aí virar para trás junto a umas bombas de gasolina e seguir por uma estrada primeiro de alcatrão e depois em gravilha compactada que nos levaria até lá.

Estava bom de ver que com indicações tão vagas no terreno não ía ser nada fácil encontrarmos o caminho certo.

A verdade é que a poucos quilómetros de Merzouga lá avistamos a bomba de gasolina mas junto á mesma não conseguíamos ver qualquer estrada de alcatrão por onde virar… Pusemos então a hipótese de haver mais que uma bomba e como tal seguimos…instantes depois entrávamos na povoação.

Era meio dia, não se via vivalma…parecia uma aldeia fantasma! Esta aldeia mistura-se ela própria com as dunas de Erg Chebbi que a rodeiam, toda ela é construída com adobe que consiste numa construção misturando palha, terra barrenta, areia e nalguns casos já cimento e tijolo de barro. Mas por lá não nos detivemos pois o nosso GPS, previamente carregado com as condenadas do Auberge, constantemente nos mandava virar para trás e acabamos por fazer o retrocesso pelo meio do nada, onde supostamente marcava uma estrada, mas que à nossa vista era apenas mais um grande terreno de gravilha e areia. Com grande dificuldade seguimos a seta de direção e acabamos por regressar á estrada por onde tínhamos vindo fazendo o percurso de novo até á bomba de gasolina.

Continuávamos sem ver a bendita estrada que nos levaria para o hotel. E assim sendo resolvemos tentar “obedecer” ao GPS que nos indicava uma mudança de direção uns quilómetros mais à frente. Ficamos foi incrédulos com o local onde teríamos que virar para nos embrenharmos no deserto…pouco ou nada diferenciava a tal pista do resto da paisagem! E nada se via ao fundo da mesma que não fossem dunas e mais dunas de areia…Mas decidimos mesmo assim virar. Acho que era já o calor e a desidratação a condicionar o nosso cérebro! Imediatamente deu para perceber que a gravilha era só uma pequena camada que tapava superficialmente a areia existente. Avançamos de forma cada vez mais instável ainda durante umas centenas de metros mas acabamos por desistir e decidir regressar á estrada principal…primeiro porque a pista era cada vez mais invisível dando-nos muito pouca segurança por onde deveríamos seguir e ainda faltavam bastantes quilómetros segundo o GPS até ás coordenadas finais depois porque em face da areia que cada vez era em maior quantidade a nossa queda era iminente… Saí mesmo da mota para tentar facilitar a viagem de regresso á estrada mas acabei por ter que regressar pois era impossível caminhar àquela hora debaixo daquele sol abrasador e respirar aquele ar seco e sufocante que ultrapassava os 42 graus de temperatura.

Frustrada aquela tentativa resolvemos ir até á bomba de gasolina para pedir ajuda… a ideia seria arranjar um “guia” que nos levasse até ao Auberge do Sud pelo melhor caminho possível. E com alguma sorte (e promessa de alguns dirahms!) conseguimos convencer um marroquino que por lá esperava um grupo para levar para um outro alojamento a acompanhar-nos nesta missão impossível deserto dentro… Seguimos pela tal estrada existente mesmo junto á bomba como nos tinha sido indicado mas que ainda não tínhamos vislumbrado de tal forma era igual a tudo o resto … e os primeiros quilómetros até que foram relativamente fáceis! Seguíamos lentamente atrás do marroquino que entretanto tinha montado a sua motoreta e descontraidamente progredia por aquele instável terreno e nos dava grandes avanços parando de seguida para nos esperar…E de repente, não havia mais “estrada”, avançávamos pelo meio das dunas pisando pura areia, seguindo o trilho da motoreta do nosso “guia” que, em zig-zags ía escolhendo o melhor percurso!

Os nossos corações aceleravam tanta era a adrenalina resultante de a qualquer momento podermos cair… e foram várias as vezes que sentimos tal “ameaça” até que foi inevitável! Mesmo junto ao nosso destino, diria mesmo a umas dezenas de metros de terminarmos aquela louca viagem, o deserto venceu! Uma queda sem consequências na areia fofa… tudo filmado na GoPro para a posteridade…



O alojamento escolhido “Auberge du Sud” situava-se mesmo na orla das dunas de Erg Chebbi e visto ao longe parecia uma fortaleza, murado a toda a volta, envolvendo as diversas casinhas térreas onde se situavam os vários quartos. O encanto pitoresco do local descobre-se já dentro de portas: na receção recheada de elementos decorativos multicolores alusivos ao deserto, nos seus pátios interiores e na sua fenomenal piscina com a melhor vista para as dunas que alguma vez se possa imaginar…





O calor era bastante e a sede insuportável. Estávamos exaustos e era urgente recarregar baterias! Temíamos que mais uma vez não nos servissem almoço…mas a oferta de um chá de menta mal chegamos afastou-nos tal receio. Apesar de estar a escaldar a verdade é que retemperou as nossas forças. E foi-nos prometido para dali a pouco um almoço típico da zona. Delicioso, por sinal!

Já instalados num quarto típico e acolhedor mas sem ter o ar condicionado a funcionar, nem quisemos ir questionar esta situação… era urgente mergulhar naquela piscina que parecia saída de um conto de fadas…

Após dois ou três mergulhos ficamos como novos e pudemos finalmente relaxar e apreciar aquele verdadeiro oásis no deserto!

E por lá fizemos amigos! Conhecemos dois brasileiros, a Elizabeth e o Fernando, um italiano, o Casimiro e claro, um português, o Zé Maria !!!! Tinham chegado no dia anterior pela noite e aproveitavam como nós para se refrescar na piscina… Por eles tomamos conhecimento da possibilidade de nessa mesma noite ir para o coração do deserto e por lá pernoitar num acampamento berbere. Essa ideia agradou-nos e fomos logo saber se os poderíamos acompanhar em tal excursão.

A partida ficou marcada para as 7 da tarde… Até lá ainda teríamos tempo para desfrutar mais um pouco da piscina e mesmo de ir pisar as areias escaldantes do deserto mesmo ali á porta do Aubergue… com as dunas de Er Chebbi no horizonte num silencio sepulcral… um cenário perfeito!



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Uns anos depois voltamos para percorrer a mítica Route 66, numa viagem que agora, vista à distância, foi um verdadeiro teste à nossa relação: 17 dias, sozinhos, a maioria do tempo “enfiados” dentro dum carro, percorrendo um país de costa a costa, pernoitando todas as noites em locais diferentes, sujeitos a variações de fusos horários, clima e de humor!!!!!

De Chicago a Los Angeles, fomos passando, um a um pelos Estados de Illinois, Missouri, Kansas, Ocklahoma, Texas, New Mexico, Arizona e California... com desvios ao Estado de Utah para conhecer Monumento Valley, ao estado de Nevada para pernoitar na "fabulous Las Vegas" e ao grandioso Grand Canyon... sem dúvida a viagem das nossas vidas! Contamos aqui tudo na seção "Pelos States!"

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“Esgotadas” as férias em destinos mais longínquos, é nas escapadinhas de fim de semana que vamos, uma a uma, visitando as cidades europeias...

Não é fácil! Implica sempre voos tardios à sexta feira após um dia de trabalho ou uma alvorada com as galinhas no sábado para chegar ao destino e “bater pé” o dia todo... regressar domingo a horas impróprias para estar de novo “ao serviço” segunda de manhã !!!

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Como ???? Quando se viaja a dois tem que se ter interesses comuns e uma forma de estar na vida semelhante. Isso é determinante para que a viagem decorra com sucesso, agrade a ambos e nos permita, muitas vezes com “sacrifício” do descanso e com algumas refeições “esquecidas” usufruir ao máximo! Contamos aqui tudo na seção "Europa / City Breaks!"

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Começámos pelo Japão… um daqueles destinos místicos e fascinantes, com contrastes entre a tradição e a modernidade. Um destino de difícil compreensão pelo olhar ocidental e, por isso mesmo, verdadeiramente desafiador. A “terra do sol nascente” deixou-nos impressionados com a sua organização, a sua extrema educação, extrema limpeza e sensação de segurança inigualável!

Mas o nosso coração, de verdade, ficou no Sudoeste Asiático… Vietname, Camboja, Laos, Tailândia, Indonésia, Singapura, Sri Lanka… de todos estes países regressámos a casa de coração cheio, em todos eles absorvermos tudo o que nos nossos sentidos nos podem dar! Mais que os “grandes” monumentos marcou-nos as pessoas com que nos cruzámos e que tornaram cada sitio “enorme”… Vimos paisagens deslumbrantes que nos ficaram na retina muitas vezes mais pela sua simplicidade e autenticidade do que pela sua dimensão. Eternizamos na nossa memória cheiros, sons, sabores… a vida quotidiana dum povo, o seu estilo de vida alheio ao turista que passa maravilhado com a tamanha diversidade cultural

Contamos aqui tudo na seção "De olhos em bico!"

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Longe de tudo, literalmente do outro lado do mundo foi a nossa escolha para a lua de mel...

Começamos pela Austrália...As suas dimensões continentais abrigam desde um paradisíaco fundo do mar turquesa sob um sol tropical, um sagrado deserto vermelho, paisagens inusitadas e cinematográficas e uma das faunas mais curiosas e perigosas do planeta. Tudo isso pontilhado por cidades cosmopolitas e com infraestruturas de primeiro mundo, como a gigante Sydney e a movimentada Melbourne.

Seguimos daí para a Nova Zelândia que reúne cenários naturais de tirar a respiração como vulcões, géiseres e lagos multicoloridos com uma intensa cultura Maori, seu povo nativo e em cuja língua, “Aotearoa”, significa “Terra da Grande Nuvem Branca”! Contamos aqui tudo na seção "Do outro lado do Mundo!"

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