Pensando nós que os restantes percursos por serem sempre por auto-estradas e ao longo da costa já não apresentariam mais dificuldades, mal sabíamos das agruras que nos haviam de estar reservadas nesta etapa… afinal esta aventura em solo marroquino continuava a surpreender!
Rumo a norte, com o destino final de Casablanca, tínhamos mais uma vez que atravessar uma zona montanhosa acima dos dois mil metros de altitude. Á medida que subíamos a temperatura começou a baixar e vento começou então a fazer “das dele”! Incrédulos por estarmos a verificar que a temperatura descia dos 12 graus sem estarmos vestidos de forma adequadas para tais temperaturas começamos a temer o pior: nem tanto pelo frio que nos gelava os ossos mas devido ás rajadas de vento que vinham de todos os lados e nos sacudiam violentamente…E dos céus veio a “machadada” final! Enquanto progredíamos vagarosamente atrás de um camião que nos dava algum abrigo reparamos que vindos do topo da montanha que ainda estávamos a subir os carros traziam ligados os limpa pára-brisas… sinal de quê?!? Chuva, claro! E dela, uns metros mais á frente, não escapamos…
Foi com um suspiro de alivio que deixamos a montanha para trás e com ela o mau tempo, regressando de novo a temperaturas mais condizentes com um pais africano!
No caminho, fazendo uma pausa para almoço, visitaríamos El Jadida, a cidade portuguesa, aproveitando para conhecer a antiga cisterna lusa, recentemente descoberta e que era utilizada para recolher a água das chuvas e possibilitar assim dar água aos portugueses dentro da cidade murada, mesmo durante tempos de guerra e cerco. Tínhamos lido que é simplesmente maravilhosa a vista espelhada das 25 colunas e do buraco superior que deixa entrar luz na água de palmo de altura no chão. No entanto, lá chegados, deparamo-nos com tudo encerrado e assim não pudemos apreciar este local onde a presença portuguesa em Marrocos faz também se fez sentir e que nos tinha levado a fazer um desvio ainda significativo no percurso. O dia não estava, definitivamente, a correr como esperávamos…
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E foi já ao fim da tarde que chegamos a Casablanca. Íamos já a contar com uma cidade que não tem muito para ver e de facto parece-se muito a uma banal cidade europeia, mais suja e menos civilizada. Trata-se da capital financeira de Marrocos, onde vivem mais de cinco milhões de pessoas e cujo porto, construído no início do século XX é um símbolo do sucesso económico da cidade.
Ficamos bem instalados no Hotel Goldem Tulip Farah Casablanca
Casablanca é uma cidade que vive no imaginário de todos, potenciado pelo filme com o mesmo nome protagonizado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. E foi no cenário deste filme, no “Rick`s Café” onde se desenrolava grande parte da trama, situado perto do porto da cidade que tivemos o privilégio de saborear um fabuloso jantar, á luz de velas e ao som do piano… para ser perfeito faltou apenas o pianista tocar o “As Time Goes By”!!!
O seu local mais famoso é, no entanto, a “Mesquita Hassan II”, uma das duas mesquitas em todo o Mundo (a outra é a “Mesquita Azul” em Istambul) onde é permitida a entrada de não muçulmanos. As suas visitas são guiadas e em horários pré-estabelecidos pelo que deixamos para o dia seguinte conhecer por dentro esta moderna construção do mundo árabe. Mas logo nessa noite ficamos impressionados… praticamente de toda a cidade é visível o seu minarete, o mais alto do mundo, com 210 metros de altura e que se evidencia, na noite, devido ao laser que aponta para Meca com um alcance de cerca de 30 quilómetros…
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Em jeito de passeio e para fazer digestão do jantar, deslocamo-nos ao longo da avenida marginal que liga o “Rick`s Café” á Mesquita e pudemos desde logo observar de perto o seu exterior… imponente quer por se tratar da terceira maior do mundo, atrás da Mesquita de Meca e da Grande Mesquita de Jerusalém ocupando uma área com cerca de 9 hectares, quer porque nos proporcionou o encontro com milhares de fieis que saíam após a derradeira oração do dia. Não sabemos ao cerco quantos estariam por lá naquele dia, só que a sua capacidade é de cento e cinco mil pessoas repartidas entre a sala de oração e o seu pátio externo e por estarmos na época do Ramadão as orações costumam estar sempre lotadas…
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