Mais uma vez previamente alertados pelo nosso amigo Bob que no caminho para Marraquexe iríamos encontrar no topo de uma montanha vários troços em obras com desvios por estradões de gravilha, decidimos sair bem cedo temendo que a viagem se alongasse para além do esperado. Despedimo-nos do dono da Riad onde pernoitamos, já "grande amigo" e fizemo-nos ao caminho...
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E de facto, estes 200 quilómetros não foram “pêra doce” de fazer… tínhamos que atravessar a zona de Tizi n'Tichka, na cordilheira do Alto Atlas, situada a 2. 260 metros de altitude onde a estrada ficava muito estreita e em mau estado, cheia de buracos. Daí as obras de alargamento que por lá andam a fazer aproveitando também para colocar um novo tapete de asfalto. Mas isso obrigou-nos a ter que ultrapassar os anunciados desvios em terra batida e gravilha solta em péssimas condições, cheios também eles de buracos e lombas que a cada curva tínhamos que fintar para tentar salvar os pneus, num autêntico ziguezague todo o terreno.
Chegámos a Marraquexe no fim da manhã. A confusão estava por lá instalada: carros, motas, burros, cavalos, camiões carregados com mais de cinco metros de altura, carroças, carros e mais carros, e milhares de pessoas a atravessar a estrada todas ao mesmo tempo, sem olhar... Estávamos de volta ao caos de uma grande cidade marroquina onde a única regra de trânsito que é cumprida é o limite de velocidade para os estrangeiros!
O hotel escolhido situava-se muito perto do centro nevrálgico da cidade de onde era possível avistar desde a piscina a famosa torre da mesquita da “Koutoubia” uma vez que se situava mesmo no fundo dos seus jardins e portanto também a dois passos da não menos famosa praça “Jemaa el Fna”.
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Fazia parte do nosso plano de viagem ficar por Marraquexe durante dois dias explorando os seus encantos e com tempo ainda para relaxar no spa do hotel que fornecia massagens ao estilo árabe, as chamadas “hamman”.
Debaixo de um calor intenso tomamos naquele dia a pior decisão que poderíamos tomar… tentar ir arranjar um local para comer junto da praça “Jemaa el Fna” por acreditarmos que por aí nos serviriam o almoço uma vez ser este o local mais turístico da cidade. No entanto e apesar de levarmos connosco o guia turístico com o mapa local não conseguimos encontrar a praça! É verdade, por mais incrível que possa parecer acabamos sempre por nos desviar por ruas erradas em direções completamente distintas e não formos capaz de dar com aquela enorme praça… O sol tórrido em cima das nossas cabeças aliado ao facto de andarmos por sítios sujos e desinteressantes cheios de oficinas de automóveis velhos amontoados, sem sombras para nos resguardar, estava a deixar-nos completamente atordoados e a obscurecer o nosso sentido de orientação. Parecíamos andar em círculos indo sempre para ao mesmo local. Os estômagos vazios também já não ajudavam e sentindo-nos cada vez com menos energia, inclusivamente tendo-me eu sentido de tal forma mal que pensei que iria desfalecer! Regressamos então ao hotel e por aí comemos e passarmos o resto da tarde na piscina, recompondo-nos daquela fatídica incursão pelas ruas da cidade.
Para aquela noite tínhamos combinado jantar com os nossos recentes amigos do “Aubergue do Sud” que entretanto tinham seguido diferentes rotas mas que por coincidência se encontravam ainda nessa noite também em Marraquexe. O ponto de encontro era junto á farmácia, na tal praça que não tínhamos conseguido antes encontrar! Mas claro que pela fresca, devidamente hidratados e relaxados fomos lá dar diretos, perguntando-nos como nos tinha escapado horas atrás…
A inconfundível praça “Jemaa el Fna” é mesmo uma paragem obrigatória… epicentro da vida noturna da cidade, considerada Património da Humanidade pela UNESCO não pela arquitectura mas pelo que nela se passa por lá encontramos de tudo um pouco: encantadores de serpentes, macacos, artistas, pintores, malabaristas, cartomantes que prometem acertar no futuro, mulheres sempre prontas a fazer uma tatuagem de henna, percussionistas, contadores de histórias, vendedores ambulantes e um movimento fervilhante de turistas que se misturam com as gentes locais. Um local contagiante com uma atmosfera confusa de ruídos e cheiros intensos inesquecíveis. Não vimos, o entanto por lá o seu famoso dentista sempre pronto a arrancar “in loco” os dentes dos seus clientes, que guarda como recordação e exibe orgulhosamente num tapete colocado no chão junto a si…
A praça imensa é ocupada também por muitas barraquinhas e toldos brancos, onde estão instalados vários restaurantes, pontos de petiscos e várias bancas repletas de laranjas onde se pode beber sumo fresco... Foi lá que jantámos no dia seguinte.
Neste dia decidimos ter uma visão “aérea” do local e por isso optamos pela esplanada/varanda do “Café Argana”, um dos mais famosos restaurantes da praça, não pelos melhores motivos mas por ter sido lá que em 28 de abril de 2011 ocorreu um atentado reivindicado pela “Al Qaida” que fez explodir uma bomba colocada numa mala e acionada remotamente que causou 17 mortos e 25 feridos de várias nacionalidades.
Após o jantar e em modo de caminhada para ajudar á digestão da bela refeição que tivemos no Café Argana ainda passeamos estreitas ruas que formam a Medina de Marraquexe vivendo mais um pouco o seu ambiente frenético.
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